quarta-feira, 22 de abril de 2020

[ARTIGO] Quartzitos e a pesquisa mineral


Quartzito | Waya

Os quartzitos são rochas resultantes de metamorfismo de arenitos quartzosos, riolitos silicosos, cherts, com pelo menos 95% de sílica livre (quartzo) nos termos da norma americana ASTM C 616.

Estas rochas, são muito resistentes ao intemperismo e tendem a se destacar no relevo, dando origem a serras e morros. Dentre os quartzitos brasileiros, os da região da Serra do Espinhaço, na região entre Oliveira dos Brejinhos, Macaúbas e Boquira, no estado da Bahia, foram os primeiros a terem uma maior expressão internacional. Com uma massa fina e a beleza conferida pelos cristais do mineral azul denominado de durmotierita (alumínio boro-silicatado), ganhou o mundo e tornou-se um material clássico, com as terminologias comerciais de Azul Macaúbas, Azul Boquira.

Os quartzitos passaram a ter uma maior importância com a evolução do processo tecnológico conferido ao setor das rochas ornamentais após os anos 90, com a possibilidade de utilização das resinas de base epóxi e a otimização do fio diamantado, inicialmente nas pedreiras e posteriormente com as máquinas multifios nas unidades de beneficiamento.

No estado do Ceará, já na primeira década dos anos 2000, vários grandes corpos começaram a ser trabalhados e geraram quartzitos conhecidos mundialmente como Nacarado, Madrepérola, Taj Mahal, Perla Venata, Elegance, Victória Falls, Macallan, Nayca, Chateau Blanc e mais recentemente Perla Santana, Avohai, Matira, Waya, Guará e Calafatte.

Um aspecto bastante importante e que deve ser referenciado, é que os quartzitos não são rochas tão abundantes. Segundo Parker, R.L (1967) in Composition of the Earth’s Crust, estas rochas ocupariam um percentual de 4% da crosta continental. 

Temos portanto que entender que os trabalhos de pesquisa destes materiais, serão desenvolvidos em áreas mais restritas e que as zonas em produção devem ser consideradas e tratadas dentro de uma estratégia, inclusive no tocante a oferta de blocos ao mercado.

Quartzito | Azul Macaúbas

Neste momento, é hora dos produtores destes materiais buscarem equilibrar suas ofertas, estabelecerem uma política de preços, ter cuidado com os blocos de segunda classificação e buscarem a valorização destes materiais que tem engrandecido o setor de rochas brasileiro.

Nos últimos anos, temos assistido uma enorme gama de materiais exclusivos do Brasil, que passam da “febre” ao “ocaso” em muito pouco tempo, tudo por falta de equilíbrio e de uma ação comercial consistente. Onde andam materiais maravilhosos como o Juparaná Bordeaux, Crema Bordeaux?

Todos os exportadores brasileiros já aprenderam bastante na crise de 2008 e portanto é hora de uma grande reflexão, no tocante ao relacionamento com a cadeia de distribuição dos seus materiais, principalmente em função do trabalho comercial nos Estados Unidos.

Um outro aspecto que deve ser privilegiado e merecer bastante atenção dos produtores é no tocante a terminologia das rochas. O setor tem que ficar muito atento para a caracterização do tipo rochoso, pois já estão sendo comercializados alguns materiais que não são quartzitos e utilizando a terminologia destes, buscando pegar carona numa tendência de materiais com melhor resistência a abrasão.

Com este procedimento muitos materiais não darão aos consumidores as respostas desejadas, e em muito pouco tempo poderá sofrer desgaste perante os clientes, atrapalhando a possibilidade de crescimento que os verdadeiros quartzitos podem apresentar nos próximos 20 anos. 

Urge ainda, que as empresas do setor priorizem programas de pesquisa mineral, pois os bens minerais não ocorrem na natureza de maneira errática. As empresas necessitam criar seus departamentos de geologia, liderados por profissionais experientes na avaliação de ambientes geológicos e com isto gerarem as rochas necessárias para o desenvolvimento das suas atividades de maneira competitiva.


Artigo por:

Carlos Rubens A. Alencar

Geólogo MsC.
Fundador do IBRO
Coordenador da ABNT

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