quarta-feira, 10 de março de 2021

Exportadores brasileiros criticam a Abirochas e querem que os subsídios do governo sejam usados ​​mais precisamente para novos mercados no exterior

 


Nesse ínterim, a disputa atingiu o nível jurídico e está sendo exigida a renúncia do presidente Reinaldo Sampaio

A indústria da pedra natural no Brasil vem reclamando há algum tempo, e em janeiro e fevereiro de 2021 houve manifestações abertas de descontentamento, tanto que um jornal chegou a escrever sobre “rebelião” - mas não porque o carnaval do país teve que ser cancelado por causa do Coronavírus. Em vez disso, os exportadores estão insatisfeitos com o trabalho da associação nacional Abirochas e, mais recentemente, foi publicada uma carta aberta (veja abaixo) e liminares na Justiça.

Essencialmente, os exportadores dizem que a associação nacional faz muito pouco por eles. Especificamente, as acusações são de que não há aumento nas exportações há bem mais de uma década e, mais precisamente, de que existe uma monocultura entre os países-alvo. Isso é deplorado há anos até nas estatísticas do “Informe” da Abirochas: para os produtos industrializados, o país tem apenas os Estados Unidos.

Os tomadores de decisão da Abirochas não têm interesse em abrir novos mercados, essa é a essência da reclamação.

Deixe-nos explicar:

Em 1998, a Abirochas (Associação Brasileira de Rochas Ornamentais) foi fundada como uma associação para os sindicatos de pedras naturais de cada estado.

Os sindicatos estaduais que fazem parte da diretoria da Abirochas costumam ter nomes semelhantes e carregam uma abreviatura como identificador regional: por exemplo, Sindirochas-ES é a associação do estado do Espírito Santo, Sinrochas-MG a de Minas Gerais, Simagran-CE a do Ceará e Sincocima-RJ do Rio de Janeiro.

Estas 4 associações são de longe os grandes protagonistas do setor da pedra do país: representam 85% da produção de pedra e 96% das exportações.

A disputa chegou ao auge nos últimos meses, com o quarteto de críticos exigindo a renúncia do presidente da Abirochas, Reinaldo Sampaio. Ele é o representante da associação há 10 anos.

Entre outras coisas, os críticos querem mudanças no estatuto da Abirochas.


Por último, mas não menos importante, está em jogo o dinheiro do órgão de fomento às exportações, APEX. Esta organização tem apoiado as atividades da Abirochas até agora. Entre eles estão participações em feiras, programas para compradores estrangeiros e a campanha da marca “Brasil Original Stones”.

Uma das acusações levantadas à Abirochas aqui é que, apesar do financiamento do governo, a associação não conseguiu fazer com que as variedades de pedras exclusivas do Brasil realmente ganhassem uma posição nos mercados ao redor do mundo. A única exceção são os EUA.

Estamos falando, por um lado, dos granitos exóticos (“Exóticos“ e (“Superexóticos“) que são extraídos apenas no Brasil e, mais recentemente, dos quartzitos brancos e também coloridos, dos quais o Brasil tem uma variedade incomparável. Especialmente esses quartzitos em suas variedades brancas estão enfrentando uma grande demanda em todo o mundo.

No entanto: quase nenhum comprador e certamente nem os arquitetos em todo o mundo sabem sobre a posição única do Brasil com essas variedades. Falando figurativamente: o mundo nunca gostou dessas pedras.

De acordo com os críticos, isso se reflete no fato de que as exportações do Brasil, após aumentos iniciais devido à Abirochas, não alcançaram grandes aumentos desde 2008 e desde então estão definhando em torno de US $ 980 milhões por ano.

Alguns críticos da Abirochas temem que os quartzitos repitam o desastre dos exóticos de 10 anos atrás.

Nesse ínterim, houve uma reunião de cerca de 80 das maiores empresas exportadoras, e elas escolheram o Centrorochas como a nova representante. Esta é outra organização de exportadores de pedra natural. Já existe há algum tempo e, de acordo com os desejos dos críticos, o dinheiro da APEX deve ir para esta organização no futuro. Ou pelo menos uma parte dele.

Algo semelhante já havia acontecido há algum tempo com as frutas brasileiras: lá os exportadores ficaram insatisfeitos com a Ibrafrutas e fundaram a Abrafrutas, que hoje representa oficialmente a indústria de frutas para o país.

O Centrorochas acaba de anunciar que fará uma análise de mercado para os Emirados Árabes Unidos. O objetivo é saber exatamente onde o Brasil tem as melhores oportunidades e com quais produtos.


Comentamos: talvez o envolvimento do Centrorochas já contenha a solução do problema. Vejamos a Turquia: lá, o setor da pedra natural também tem 2 associações (IMIB e EIB), que têm de competir entre si pelo financiamento do Estado. A atribuição do apoio ocorre de forma a que os investigadores de mercado formulem objetivos concretos em nome do ministério responsável - é selecionada associação com o conceito de implementação mais convincente.

Depois de um tempo, os resultados são avaliados.

Mais um comentário sobre a disputa no Brasil: o problema do não aumento das exportações e da falta de força da marca é, sem dúvida, causado pelos próprios exportadores. Isso porque as variedades acima mencionadas, que só o Brasil possui, são exportadas em grandes quantidades pelas empresas como blocos brutos - depois são processadas na China ou na Itália, por exemplo, e daí voltam para os mercados do Ocidente com novas denominações e como produtos de maior valor.

O iniciador da Carta Aberta foi Carlos Rubens A. Alencar, Presidente da Associação do Ceará (Simagran-CE) e também criador da ainda jovem Fortaleza Brazil Stone Fair, em Fortaleza-CE.


*Publicado originalmente no Stone-Ideas.com

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